Completamos 1 ano de parceria com o Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre.

Convidamos a Coordenadora do Serviço de Gerenciamento de Risco, Doutora em Enfermagem Cassiana Prates para contar os principais aprendizados. Confira a entrevista abaixo:

 

1. Como está sendo a experiência de implantação da plataforma no hospital?

Uma experiência e tanto!

Iniciamos o processo de implantação da SAFETY4ME na instituição há um ano e a grande sacada foi definir um método de trabalho. A partir de um desenho de processo claro, escolhemos uma Unidade de Internação para testar essa metodologia: primeiro, apresentamos o aplicativo para as equipes de enfermagem e fisioterapia desta unidade e aplicamos um questionário com o objetivo de verificar os seus conhecimentos sobre segurança do paciente e engajá-los no processo. O próximo passo é a visita aos pacientes em três momentos: Em até 48 horas, um dia após a primeira visita e na pré-alta. Nos três momentos, a estagiária do nosso serviço, a partir de um script desenhado para cada visita, fala sobre Segurança do Paciente, a plataforma e reforça a importância da participação do paciente durante a internação.

O estímulo para a utilização do “fale com a equipe” permite com que o paciente relate qualquer situação que identifique como risco para a sua segurança. Todos os relatos enviados são compartilhados com as lideranças das áreas e um retorno, para aqueles que se identificarem, é realizado por email ou presencialmente, dependendo da situação reportada.

Sem dúvidas, um desafio maravilhoso com muito aprendizado!

 

2. Destaque os principais aprendizados até aqui.

“Sucesso só vem depois de muito trabalho”. A plataforma SAFETY4ME é uma excelente ferramenta, mas uma mínima estrutura de gerenciamento de riscos e uma política organizacional para segurança do paciente precisa estar desenvolvida na organização para o êxito da plataforma. A cultura presente na organização não for pautada nos princípios da justiça, da não punição, da transparência e do aprendizado.

“Não somos uma ilha”: Ninguém faz nada sozinho, é preciso envolvimento desde a alta direção até os profissionais da linha de frente, que todos saibam e apoiem o projeto. Dependemos uns dos outros, do apoio mutuo e do trabalho em times. Na nossa experiência, engajar as lideranças foi fundamental para que as equipe operacionais também se sentissem parte do projeto… são eles que muitas vezes vão responder uma dúvida do paciente.

“Críticas são muito bem vindas”: o aplicativo dá voz ao paciente e por vezes essa voz vai chamar atenção para as fragilidades do nosso sistema. Esse relato tem que ser visto como uma oportunidade de melhoria e não como uma reclamação sem fundamento.

“Os números falam por si”: O dashboard mensura a percepção do paciente às metas de segurança. As instituições, em geral, dispõe de auditorias e vigilâncias de processos para ações de segurança como por exemplo adesão à higiene de mãos, à pulseira de identificação e ao checklist da cirurgia segura e é surpreendente como muitas vezes as taxas de adesão identificadas nesses processos internos não corresponde a percepção do paciente. A SAFETY4ME oportuniza esse outro olhar, complementando o processo de mensuração de dados.

Acredito que é uma jornada de aprendizado e que precisamos ir sempre frente, lidando com as resistências e dificuldades que são naturais em processos de mudança.

 

3. Quais as contribuições da SAFETY4ME para o fortalecimento da cultura de segurança do paciente?

Implantar uma plataforma como a SAFETY4ME é quebrar um paradigma. É romper barreiras, porque ele dá voz aos pacientes e faz este se sentir realmente protagonista da sua assistência. A Cultura é construída a partir dos relacionamentos entre as partes interessadas, que assumem comportamentos e atitudes, moldando e caracterizando uma organização. O paciente, até bem pouco tempo atrás, não se sentia, ou nós não o fazíamos sentir, uma dessas partes interessadas. E eu diria que eles são a parte mais importante… afinal, nossa razão de existir é ele: o paciente.

A cultura se fortalece com transparência, com aprendizado e com justiça. A medida que uma instituição se utiliza do relato ou da avaliação feita pelo paciente via plataforma para rever e analisar seus processos de trabalho, para capacitar seus profissionais e buscar a melhoria contínua, está fortalecendo e consolidando sua cultura organizacional de segurança do paciente.

Nós, da SAFETY4ME, agradecemos a confiança da Instituição no nosso trabalho. Juntos, ouvimos os pacientes para transformar o cuidado.

 

Dr. Salvador Gullo Neto

Dr. Salvador Gullo Neto

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